Em uma decisão histórica, o Ministério de Dados e Estatísticas da Coreia do Sul atualizou, nesta quarta-feira, o sistema digital do Censo de População e Habitação de 2025 para aceitar “cônjuge” ou “companheiro(a)” como respostas válidas entre pessoas do mesmo sexo que vivem juntas. Até então, casais homoafetivos eram obrigados a se registrar como “outros coabitantes”, o que os tornava invisíveis nos dados oficiais e impedia que pesquisadores e formuladores de políticas tivessem uma visão precisa sobre essa parcela da população.
O Partido da Justiça afirmou que a decisão abre o caminho para que casais do mesmo sexo sejam refletidos em políticas públicas, defendendo que o reconhecimento estatístico deve evoluir para a legalização do casamento igualitário. A coalizão Rainbow Action Korea, que reúne 49 entidades LGBT, declarou que esta é “a primeira vez que a presença de cidadãos LGBTQ+ é devidamente registrada nas estatísticas nacionais”. O grupo, no entanto, criticou o governo por não divulgar amplamente a mudança e pediu a inclusão de perguntas sobre orientação sexual e identidade de gênero em futuros levantamentos nacionais, de modo a contabilizar também pessoas LGBT solteiras.
A atualização ocorre em um contexto ainda hostil para a comunidade LGBT sul-coreana. A homossexualidade segue sendo tabu em muitos ambientes de trabalho, e o serviço militar ainda proíbe relações entre pessoas do mesmo gênero. Apesar disso, o avanço do orgulho LGBT nas ruas, a maior presença de artistas queer na mídia e decisões judiciais favoráveis, como o reconhecimento de benefícios previdenciários para casais homoafetivos, indicam uma mudança gradual na sociedade.
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