De olho nas contradições 🧐
No segundo dia da COP30, em Belém (PA), manifestações simultâneas na Zona Azul e na Zona Verde deram o tom do encontro, refletindo a mobilização de governos, movimentos populares e organizações civis em torno das decisões climáticas. As discussões seguiram intensas, em meio à expectativa de que as negociações mais relevantes avancem nos próximos dias.
Ontem (11), estavam previstos 118 eventos oficiais, entre mesas, painéis e apresentações, abordando temas como financiamento climático, transição energética, justiça social e a participação dos povos da floresta.
O dia começou com a presença do cacique Raoni em um debate sobre a exploração de petróleo e gás na Bacia da Foz do Amazonas. Ele fez um apelo por união contra a perfuração de poços na Amazônia, destacando a importância de proteger o território e a vida dos povos tradicionais. O cacique aconselhou o presidente Lula (PT) a não autorizar o projeto, alertando para os riscos de poluição, citando também o conhecimento espiritual sobre o perigo de “destruir e destruir”.
A declaração da liderança indígena, reconhecida internacionalmente, veio um dia após o titular do Ministério de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarar, em entrevista a jornalistas na Zona Azul, que vem “sendo aplaudido por ambientalistas de bom senso [na COP], que veem que o Brasil e o Ministério da Energia liderou pelos biocombustíveis e com a transição energética”, sustentou o ministro.
Apesar da fala, vários membros da comunidade científica defendem que o Brasil precisa dar o exemplo com discurso e atitudes, pois há contradições que podem prejudicar a posição brasileira na liderança do debate sobre transição energética. Eles destacam o potencial brasileiro de geração energética solar e eólica para que o país se torne uma potência mundial em energias sustentáveis.
“Abrir novas áreas de produção de petróleo vai auxiliar a agravar ainda mais as mudanças climáticas e, certamente, isso vai contra o interesse do povo brasileiro”, disse Paulo Artaxo, integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

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